A solidão como sofrimento social
Existem várias formas de sofrimento social. A literatura sociológica se debruça cada vez mais sobre o tema, vendo em espaços institucionais locus eficazes onde esse tipo de fenômeno ocorre. Um tipo que está me chamando a atenção, pela forma como aparece enquanto violência simbólica, é a solidão institucionalizada. Mal moderno por excelência, aparece mascarado pelas redes sociais da internet. Também se mascara pelo fato de, a maior parte de nós, trabalharmos e estudarmos, e ao nos vermos cercados de outras pessoas, termos a sensação de gregarismo ou se companhia. Mas essa sensação é, na maior parte das vezes, um tanto quanto falsa.
Mascaramos a solidão de várias formas, forçando relações superficiais (laços fracos, diria Grannoverter) ou mesmo construindo laços que só existem no mundo virtual. Em geral, somos chamados quase sempre para atividades no mundo do trabalho (sei bem como é isso), nunca para um café ou um sorvete, por exemplo.
Imersos na ilusão da multidão, enfiamos nossas caras nos smatphones que fazem as vezes de companhia.
Isso causa sofrimento? Sim. E por que ele é social? Porque é um fenômeno coletivo, coercitivo e independente de nossa vontade ou existência, para lembrar do ainda válido conceito durkheiminiano. Todos padecemos ou padeceremos dele. Ele é institucional na medida em que se tornou uma “instituição social”.
Solidão é o mal da modernidade líquida que se faz conectada, mas que esquece que companhia de verdade, só se faz face a face.