Serviços públicos em Mossoró só funcionam com empurrão de vereador governista

Os serviços públicos deveriam estar à disposição de todos os cidadãos. Certo? Numa cidade onde o poder público olha para as pessoas sem distinção, sim. Mas em Mossoró, não é isso que aconteça.
Na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, o cidadão precisa de um empurrão de um vereador para ter acesso a serviços como saúde, habitação e, até, para regularizar obra.
O assunto foi tema de discussão recente na Câmara Municipal, quando o vereador Raério Cabeção denunciou que os parlamentares da bancada governista tinham acesso privilegiado aos serviços públicos de saúde ofertados pelo Município. A denúncia é nova, mas essa prática é antiga. Quantos mossoroenses não já tiveram que recorrer a um vereador para fazer uma consulta, um exame ou outro procedimento mais complexo? Milhares.
Mas não é uma situação exclusiva da saúde. Na área habitacional, por exemplo, a prefeitura sempre teve uma cota para os vereadores aliados na hora de distribuir moradias, a priori a famílias carentes. Quem nunca ouviu uma história que recebeu uma casa sem ter necessidade? Todo mundo já ouviu.
Sem os serviços públicos funcionarem como deveriam, vereador virou passaporte até mesmo para regularizar obra, com orientação oficial da Prefeitura de Mossoró e tudo.
Em um caso recente de uma construção de vestiários em um campo de futebol pela comunidade no Nova Vida (Malvinas), o fiscal responsável pela suspensão da obra orientou, de cara, que a comunidade procurasse “o vereador do bairro”. Como a comunidade não procurou, a prefeita Rosalba Ciarlini mandou derrubar a construção, feita com tanto suor por dezenas de pessoas.
Em Mossoró, todo cidadão tem a obrigação de ter um vereador pra chamar de seu, e tem que ser da lista que apoia a prefeita, caso contrário, não serve. Essa é a Mossoró que tem mania de grandeza, mas que não passa de um subúrbio.