TSE registra 475 candidatos com deficiência

Da Rádio Câmara, de Brasília, Noéli Nobre
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou a candidatura de pelo menos 475 pessoas com deficiência que vão concorrer a um cargo público nas eleições de outubro. O número representa 1,6% do total de 28.644 pedidos de registros de candidatura.
Dos candidatos com deficiência, a maioria (53,69%) possui alguma deficiência física. Em seguida, vêm os candidatos com deficiência visual (23,58%) e auditiva (11,58%), outras deficiências (8,42%) e autismo (2,74%).
Para a Câmara dos Deputados, concorrem 161 pessoas com deficiência ou 34,92% do total desse tipo de candidatura.
Os dados sobre candidaturas com deficiência começaram a ser contabilizados a partir de 2020. Assim, estas são as primeiras eleições de nível federal a contar com esse tipo de informação.
Segundo Ewelin Canizares, do Movimento Feminista Inclusivass de Mulheres com Deficiência, a pessoa com deficiência enfrenta uma série de dificuldades para ter acesso aos partidos e se candidatar.
“Um candidato cego, por exemplo. Se ele não tem o material do partido todo de forma acessível, a simbologia, as fotos, as figuras, todos os textos, ele tem dificuldade de fazer a sua proposta de mandato. A gente precisa que os textos estejam disponíveis em formato eletrônico, para que as pessoas cegas usem a tecnologia assistiva do voice, para que ele ouça o texto. ”
No caso de um candidato surdo, a documentação pode ser repassada ao candidato por escrito, mas ele precisaria de um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para ser entendido.
“Senão ele não tem como fazer sua comunicação de campanha nem de relacionamento com os dirigentes do partido, porque normalmente as pessoas não usam Libras. ”
Já a candidatura da pessoa com deficiência física, como lembra Ewelin Canizares, esbarra na falta de acessibilidade das cidades brasileiras: escadas, calçadas esburacadas, inexistência de banheiros acessíveis, elementos necessários para que uma campanha seja feita de forma adequada e digna.
Por esses motivos, Ewelin Canizares defende um financiamento estipulado da campanha de pessoas com deficiência, que muitas vezes são de baixa renda e possuem gastos altos com medicamentos e adaptações. Ela também defende cotas de vagas, com paridade de gênero.